
Ao longo da nossa vida vamos olhando para nós próprios de modos diferentes. As prioridades, os interesses, as vaidades vão mudando conforme a fase da nossa vida.
Lembro-se de ser bastante pequena ( deve ser das minha primeira memórias de criança) e estar num quarto grande com a minha mae sentada num cadeirão e uns mimos das empregadas. Sei agora que se tratava da clinica onde fui operada ao olho direito. A minha mãe passou varios dias e noites sentada numa cadeira à minha beira sempre ao alcance da minha mão, pois caso a sua mão nao estivesse lá era uma choradeira enorme e nao podia ser porque molhava o penso...
Na escola primaria lembro-me dos oculos sempre presentes, da noção da diferença, de ser umas das "caixas de óculos" ou visgarolha e "carregar" essa diferença.
Na adolescencia, esse tempo das vaidades, aprendi umas da coisas mais importantes da minha vida - a dar valor às pessoas que conseguiam ver-me para além do meu aspecto físico e a gostar do que sou e nao do que pareço.
Colocando numa balança o medo de uma intervenção cirurgica e resolver um problema puramente estetico, o medo sempre venceu.
Na vida adulta e profissionalmente já consigo perceber primeiras reacções das pessoas que conheço: o tentar seguir o meu olhar, ou o ficar na dúvida se é o receptor das minhas palavras.
Achei que tinha arrumado definitivamente este assunto mas eis que, agora como mãe me assaltam medos maiores.
Consultei um especialista que me disse 2 coisas muito boas: os meus olhos veem perfeitamente e a cirurgia de correcção é uma intervenção simples, não incapacitante e precisava a apenas de uns exames médicos e 3.000€ para o fazer no prazo de um mes numa clinica privada.
Deixei de lado os medos e interiorizei esta possibilidade.
Hoje fui vista por um especialista no Hospital que me disse sem papas na lingua que desaconselhava totalmente qualquer intervenção pois pode originar visão dupla e obriga a multiplas intervenções para reverter as cirurgias e eu ficar como estou!!! Que se, eu quisesse, me aconselharia outro colega porque ele não me operaria.
Confusos, eu também, nao percebo como é que é possivel que 2 especialistas no prazo de 2 meses me digam coisas tão diferentes...
Pois parece que tenho de desarrumar e aprender a encarar mais esta fase tentando que meu filho sofra o menos possível com os comentarios "crueis" das crianças, como lhe vou explicar que a mãe olha para ele mesmo que pareça que está a olhar para outro lado?
Há uma coisa importantissima nisto tudo e, nisso, os especialistas concordam, eu vejo bem, nem de óculos preciso.
É o mais importante não é? Então porque é que não consigo deixar de estar triste?
Lembro-se de ser bastante pequena ( deve ser das minha primeira memórias de criança) e estar num quarto grande com a minha mae sentada num cadeirão e uns mimos das empregadas. Sei agora que se tratava da clinica onde fui operada ao olho direito. A minha mãe passou varios dias e noites sentada numa cadeira à minha beira sempre ao alcance da minha mão, pois caso a sua mão nao estivesse lá era uma choradeira enorme e nao podia ser porque molhava o penso...
Na escola primaria lembro-me dos oculos sempre presentes, da noção da diferença, de ser umas das "caixas de óculos" ou visgarolha e "carregar" essa diferença.
Na adolescencia, esse tempo das vaidades, aprendi umas da coisas mais importantes da minha vida - a dar valor às pessoas que conseguiam ver-me para além do meu aspecto físico e a gostar do que sou e nao do que pareço.
Colocando numa balança o medo de uma intervenção cirurgica e resolver um problema puramente estetico, o medo sempre venceu.
Na vida adulta e profissionalmente já consigo perceber primeiras reacções das pessoas que conheço: o tentar seguir o meu olhar, ou o ficar na dúvida se é o receptor das minhas palavras.
Achei que tinha arrumado definitivamente este assunto mas eis que, agora como mãe me assaltam medos maiores.
Consultei um especialista que me disse 2 coisas muito boas: os meus olhos veem perfeitamente e a cirurgia de correcção é uma intervenção simples, não incapacitante e precisava a apenas de uns exames médicos e 3.000€ para o fazer no prazo de um mes numa clinica privada.
Deixei de lado os medos e interiorizei esta possibilidade.
Hoje fui vista por um especialista no Hospital que me disse sem papas na lingua que desaconselhava totalmente qualquer intervenção pois pode originar visão dupla e obriga a multiplas intervenções para reverter as cirurgias e eu ficar como estou!!! Que se, eu quisesse, me aconselharia outro colega porque ele não me operaria.
Confusos, eu também, nao percebo como é que é possivel que 2 especialistas no prazo de 2 meses me digam coisas tão diferentes...
Pois parece que tenho de desarrumar e aprender a encarar mais esta fase tentando que meu filho sofra o menos possível com os comentarios "crueis" das crianças, como lhe vou explicar que a mãe olha para ele mesmo que pareça que está a olhar para outro lado?
Há uma coisa importantissima nisto tudo e, nisso, os especialistas concordam, eu vejo bem, nem de óculos preciso.
É o mais importante não é? Então porque é que não consigo deixar de estar triste?
3 comentários:
Bolas! Que eu venho aqui tão poucas vezes e hoje dou logo com isto! Sabes que não sou de me mostrar nestes "lados", mas o assunto (e a tua coragem de o aqui por) é mais do que merecedor!
E pensar que nesta noite (em que escreveste isto) sonhei contigo.
Duas opiniões são poucas. Tens que, pelo menos, ouvir uma terceira para desempatar a coisa. A tua tristeza assim o obriga. Depois ligo-te.
beijo!
Já escrevi montes de coisas e apago, nada me parece bem :(
Não quero escrever, quero abraçar-te e dizer que te adoro.
É importante saberes realmente o que se pode fazer,por isso acho que devias ouvir mais uma opinião.
beijo enorme!
Centro Cirurgico de Coimbra.
Dr. Murta, talvez o melhor especialista a nivel nacional.
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